domingo, 17 de fevereiro de 2013

O ser invisível

Antes de termos nascido, éramos apenas seres invisíveis sendo carregados no ventre materno, até que nossa existência fosse descoberta, aí passamos a nos tornarmos visíveis para alguém. Quando nascemos, começamos a deixar nossa marca no mundo, mas ainda somos invisíveis para muitos. Quanto mais nossa marca no mundo cresce, mais nos tornamos visíveis e a consciência de que somos visíveis, torna-se um vício.
Todos nós queremos ser visíveis; a sensação que se traz é muito forte, pois nos faz sentir que não estamos sozinhos e parece dar algum sentido maior para nossas vidas. O problema é quando perdemos o controle disso, acabamos por fazer até mesmo o ridículo para sermos notados, mas nada que já esteja ruim está livre de ficar ainda pior... Queremos ser percebidos mesmo que por coisas vazias e sem significado.
Devemos lembrar que um dia nos tornaremos invisíveis de novo, nossa marca sob a terra desaparecerá, quase que por completo, até o dia em que alguém, atento o bastante, perceba a pequena penumbra do que um dia foi uma grande sombra*.
Não devemos nos preocupar com o tamanho da marca que deixamos no mundo. Não adianta que ela seja grande, se no final nos tornarmos completamente invisíveis, esquecidos, inexistentes. Basta que continuemos visíveis para aqueles que nos são mais caros, caso o contrário, se nos tornarmos invisíveis até para estas pessoas, tudo o que fizemos não terá significado e será como se nunca tivéssemos existido.

*Os egípcios antigos usavam a expressão Sheut(Sombra/Estátua) para se referir à parte da alma que corresponde à marca deixada pelo ser humano sob a terra.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Exagero


Ah, o exagero... Tão comum na história da humanidade desde tempos antigos, parece ter ganhado maior importância nos dias de hoje. É comum vermos coisas simples serem transformadas num teatro dramático, como uma cena comum do dia a dia que parece precisar de importância nacional.
O exagero de que falo muitas vezes se faz presente por conta da superficialidade das pessoas, mas é o que mais rende audiências a um telejornal, ou leitores a um jornal impresso ou revista, por exemplo. Às vezes as pessoas preferem dar atenção aos participantes do Big Brother (sem ofensa aos fãs), do que saber como anda a educação em seu próprio país. Percebemos também como os telejornais dão foco às tragédias, como se nada mais acontecesse ao nosso redor.
Normalmente não costumo ser pessoal nas minhas postagens caros leitores, mas neste caso em especial, creio que a pessoalidade se faz necessária para dizer-vos como me incomoda. Pergunto-me o motivo de certas tragédias que acontecessem serem transformadas num verdadeiro desastre. Sim, uma mãe filho por motivos injustos ou motivo nenhum, mas porque alguém simplesmente decidiu tirar a vida desse filho, é trágico. Ainda assim, parece não nos importar as pessoas que estão morrendo ao nosso redor, por não terem condições de receber um atendimento de qualidade num hospital. Parece não importar que ainda haja milhões de pessoas vivendo na miséria, sem direitos a saúde, educação, moradia decente, entre outras coisas, desde que haja futebol na televisão, mulheres nuas no carnaval, cerveja na geladeira e a economia esteja "favorável" (favorável a quem, mesmo?).
Este exagero tem tornado nossa vida uma piada nada engraçada. É algo que nos faz reféns de nós mesmos e nos distrai daquilo que realmente é importante. Mas, como bem sei, essa é uma realidade que só irá mudar quando realmente se tornar irritante.

P.S.: Este post assim como o anterior não é exatamente conclusivo, pois cabe ao leitor definir uma conclusão para o mesmo. Desta maneira, o leitor trabalha a produção enquanto acompanha minhas palavras, em vez de absorvê-las como algo sem valor, apenas uma informação a mais ou uma verdade absoluta e inquestionável.